HOMEOPATIA NAS EPIDEMIAS
A homeopatia foi estabelecida em seus princípios pelo médico
alemão Samuel Hahnemann em 1796. Desde então, tem sido utilizada no tratamento
dos indivíduos, tanto em nível curativo quanto preventivo, em indivíduos
isolados ou em populações. Uma das formas pelas quais ela se manifesta é
atuando nas epidemias, usando um método descrito pelo próprio Hahnemann. No
Brasil, existem diversos relatos de atuação da homeopatia frente às epidemias;
e, na história recente da saúde no Brasil, diversos tipos de intervenções
homeopáticas em epidemias foram registados.
Sabemos que, no Brasil, a homeopatia
tem actuado nas epidemias desde sua introdução, em 1843. Mas, como se dá a
intervenção homeopática nas epidemias? Como ela opera, quais seus princípios
diagnósticos e terapêuticos, quais as resistências a que se lhe opõem? Enfim,
qual a efectividade de suas acções para a saúde pública, analisando suas
possibilidades e limites?
Este trabalho propõe-se a responder a essas questões
partindo de uma revisão histórica das intervenções homeopáticas nas epidemias
no Brasil desde 1974, através do estudo aprofundado de um caso: a atuação
homeopática do Grupo de Estudos Homeopáticos de São Paulo “Benoit Mure” (GEHSP
Benoit Mure) em três epidemias de locais e épocas diferentes: Meningite em 1974
(na cidade de Guaratinguetá/SP); Dengue, em 2007 (em Penápolis/SP); e Dengue,
em 2010 (nas cidades de Penápolis/SP, Pereira Barreto/SP e Iporá/GO).
Este
grupo foi escolhido pela sua expressividade, pois nas suas acções foram
alcançadas cerca de 100 mil pessoas, e por usar a mesma metodologia por mais de
35 anos.
Na Homeopatia, o medicamento, funciona como uma espécie
de antígeno, causa sempre sintomas semelhantes ao que deseja curar ou prevenir.
Além disso, o medicamento não é específico à doença a ser prevenida, mas sim ao
conjunto de sintomas que a maioria dos doentes apresente durante determinado
surto epidémico.
Exemplificando, caso tenhamos duas epidemias de uma mesma
doença na mesma população (em épocas diferentes), o medicamento utilizado pode
não ser o mesmo.
A escolha do medicamento mais adequado para a profilaxia de
uma determinada epidemia (ou surto) em uma população vai depender do conjunto
de sintomas apresentados por aquela população na ocasião de cada surto e em
cada momento específico.
A este medicamento assim individualizado, como vimos,
dá-se o nome de génio epidémico (Hahnemann, 2006; 2007). Foi deste modo que se
impediu a propagação da escarlatina na Alemanha no séc. XVIII: com a utilização
de Belladonna, um medicamento homeopático que cobria bem os sintomas daquela
doença naquela ocasião. Em outras palavras, Belladonna foi o génio epidémico
daquela epidemia (Hahnemann, 2007). Da mesma forma, Hahnemann identificou o
medicamento Aconitum napellus para o tratamento da púrpura miliar em 1801
(Hahnemann, 2007). Hahnemann publicou pela primeira vez seus resultados na
profilaxia de escarlatina com Belladonna no ano de 1799 (Hahnemann, 2006).
(...) Autor PAULO SERGIO JORDÃO DARUICHE
Trabalho completo: http://repositorio.unifesp.br/bitstream/handle/11600/22269/Tese-13473.pdf?sequence=1&isAllowed=y